História das cidades
A história
das cidades, em geral, remete a período
longínquos da Antiguidade, sendo que as primeiras cidades teriam
surgido entre quinze a cinco mil anos atrás, dependendo das diversas
interpretações sobre o que delimita exatamente um antigo assentamento
permanente e uma cidade. As primeiras verdadeiras cidades são por
vezes consideradas grandes assentamentos permanentes nos quais os seus habitantes não são
mais simplesmente fazendeiros da área que cerca o assentamento, mas passaram a
trabalhar em ocupações mais especializadas na cidade, onde o comércio, o estoque da produção agrícola e
o poder foram centralizados. Sociedadesque v vem em cidades são
frequentemente chamadas de civilizações. O ramo da história
direcionada ao estudo da
natureza histórica das cidades e do processo de urbanização é a
história urbana.
Fatores essenciais para o
desenvolvimento das cidades
A criação de assentamentos permanentes foi
possível, segundo diversos especialistas em geografia e história urbana, graças
ao domínio da agricultura e da domesticação de animais para pecuária, movimento
conhecido como Revolução
neolítica, que ocorreu aproximadamente entre treze e dez mil anos
atrás, tendo as primeiras vilas neolíticas surgido há
aproximadamente 12 mil anos. A população de algumas delas teria eventualmente
passado a crescer em áreas urbanas cada vez maiores.
Seja em uma vila neolítica ou em uma
metrópole contemporânea, a criação de assentamentos permanentes, e a expansão
territorial e populacional destas, necessitariam avanços tecnológicos, organização social e um local adequado para instalação.
Todos os três fatores estão firmemente associados entre si.
Tecnologia
Indivíduos e grupos do neolítico aprenderam a
cultivar alimentos e a domesticar animais. Também
criaram ferramentas que os auxiliavam nas tarefas do dia-a-dia, como Arados, por exemplo, que, juntamente com os
animais domesticados, ajudavam estas pessoas a cultivar uma dada área. Isto fez
com que várias comunidades neolíticas passassem a produzir mais alimentos do
que eles necessitavam. Como consequência, várias pessoas que anteriormente eram
agricultores passaram a trabalhar - e especializar-se - em outras áreas.
Algumas passaram a produzir roupas. Outros passaram a produzir
armas e ferramentas. Estas últimas requerem metais, que são encontrados em
minas, onde outras pessoas passaram a trabalhar. Avanços tecnológicos
influenciaram bastante o desenvolvimento de cidades ao longo da história.
Grandes avanços tecnológicos durante Revolução
Industrial permitiram a criação de grandes fábricas e ferrovias, que
geravam empregos e atraíam grande quantidade de pessoas do campo para as
cidades onde as fábricas estavam localizadas. Trens, automóveis e outros meios de
transporte facilitaram o transporte entre um ponto a outro de uma cidade, bem
como entre diversas cidades entre si.
Organização social
Em qualquer comunidade, certos padrões de
comportamento precisam ser cumpridos para o bem-estar e a manutenção da paz e
da ordem. Uma pessoa respeitava outros membros da comunidade e esperava em
troca ser respeitado. A organização social de povos neolíticos era simples.
Cada família cultivava seu alimento e fabricava suas roupas e ferramentas.
Líderes em geral não existiam, ou possuíam pouco poder na comunidade. Os homens
ajudavam a combater o inimigo caso fossem atacados. Todos decidiam a punição
que devia ser aplicada a um membro que infrigia uma regra da comunidade.
Avanços tecnológicos permitiram que cada vez
mais pessoas deixassem de trabalhar na agricultura. Estas pessoas passaram a
trabalhar em outras áreas, especializando-se nelas, como artesãos, costureiros
e mineiros. Eles trocavam seus produtos entre si, e com fazendeiros em troca de
alimentos, originando assim o comércio. Posteriomente, isto levaria à criação
do dinheiro. Eventualmente,
pessoas de uma dada vila começaram a comerciar com outras vilas. Outras pessoas
tornaram-se soldados,
administradores públicos e líderes políticos e religiosos.
O crescimento populacional das vilas neolíticas
passou a obrigar a instalação de um governo central, que responsabizava-se pelo
fornecimento de certos serviços como defesa, comércio organizado e eventos
religiosos, por exemplo. Gradualmente, o número de trabalhadores empregados
diretamente pela administração da cidade cresceu. Atualmente, estes
trabalhadores incluem prefeitos, conselheiros, planejadores
urbanos, policiais, bombeiros, catadores de lixo e professores, entre outros.
Historicamente, duas tendências contribuíram
para o crescimento populacional das cidades. Uma delas é a "urbanização"
- o gradual crescimento da população em áreas urbanas. A outra é a migração,
que pode ser do campo para a cidade ou de uma cidade para outra. Isto fez com
que, gradualmente, diversas cidades passassem a diversificar-se culturalmente,
em um processo de diversificação
cultural, esta levando à difusão cultural e ao multiculturalismo.
Atualmente, algumas cidades conhecidas pela sua grande população multicultural
sãoNova Iorque, Toronto, San Francisco, Los Angeles e Chicago.
Local adequado para instalação
A geografia do local onde uma dada comunidade
permanente está localizada também é importante. Aspectos geográficos incluem a
geografia do terreno onde a comunidade será localizada, o clima da região, e a
disponibilidade de água potável para consumo humano.
Nas vilas neolíticas e nas primeiras cidades,
a fertilidade do solo era importante, para o cultivo de alimentos. A
proximidade com outras fontes de alimentos tais como frutas silvestres e cardumes
de peixes também ajudava. Chuva era importante para a
irrigação de plantações, mas nem sempre indispensável, graças à tecnologia: Os egípicios inventaram um sistema
de irrigação, que coletava água diretamente do Rio Nilo. A proximidade de
matérias-primas tais como minérios também era importante, mas não essencial.
As primeiras cidades desenvolveram-se
primariamente em torno de corpos de água doce, tais como rios e/ou lagos. Antigas civilizações observaram que
vales fluviais de clima quente apresentavam várias ótimas condições para a
criação de um assentamento permanente. Estes rios incluem o Eufrates e o Tigre, no Oriente Médio, o Amarelo, na China, e o já mencionado Nilo.
A localização geográfica de várias cidades
teve grande influência no decorrer da história. Atenas, por exemplo, resistiu bravamente a
vários ataques de Esparta antes de ser
definitivamente derrotada, porque estava localizada em uma península
fortificada, de difícil acesso. Constantinopla tornou-se uma porta
de acesso de grande importância entre o Ocidente e o Oriente, na Idade Média.
Posteriomente, cidades que localizavam-se próximos à grandes corpos d' água,
aliados à sua localização estratégica, tornaram-se grandes centros
portuários. Algumas destas cidades incluem Atenas, Alexandria e Cartago durante a Idade Antiga; Gênova, Veneza e Lisboa durante o Renascimento; Boston, Nova Iorque eSouthampton durante a Revolução
Industrial; Montreal e Chicago na Idade Moderna, e, em
tempos mais recentes, Rotterdam, Hong Kong, Cingapura e Shangai.
Algumas cidades devem sua existência graças à
sua proximidade com meios de transportes tais como ferrovias, rodovias, portos e/ou aeroportos. Exemplos
incluem Toronto e Chicago. Outras cresceram
graças à proximidade de fontes de matéria-prima. Manchester tornou-se um grande
pólo industrial no século XVIII graças à proximidade
de minérios, e Pittsburghcresceu
drasticamente no século XIX, graças à
proximidade de grandes reservas de ferro, tornando-se a capital mundial do aço.
Finalmente, outras cidades devem sua
existência e/ou seu desenvolvimento primariamente graças ao seu clima e suas atrações
naturais, que atraem tanto turistas como novos
habitantes. Alguns exemplos são Los Angeles, Vancouver e o Rio
de Janeiro.
História das cidades
Pré-antiguidade
Durante a pré-história, os homens eram
primariamente nômades, movimentando-se de uma região para outra constantemente,
em busca de água e alimentos. Entre 13
a 10 mil anos atrás, várias civilizações começaram a dominar a técnica da agricultura e da pecuária.[1] As civilizações que
dominaram estas técnicas passaram a criar centros mais densamente habitados,
como centros de comércio e defesa locais. Assim, as primeiras
vilas apareceram - quase sempre em torno de rios e lagos, dado a necessidade de irrigação. A
grande maioria dos habitantes de vilas neolíticas trabalhavam na agricultura e
na criação de animais domésticos. Este processo foi mais acelerado na Mesopotâmia, onde as
primeiras vilas neolíticas e áreas urbanas foram criadas.
A organização destas vilas neolíticas era
simples, e não haviam líderes. A pequena população destas vilas, quase nunca
acima de mil pessoas, permitiu aos habitantes destas vilas fazer decisões em
conjunto. A maioria dos habitantes destas vilas passaram a ficar contra roubos e violência físicas,
e aplicando punições aos que cometiam estes crimes. Não existiam leis e
líderes. Pessoas de uma dada comunidade respeitavam outros membros da
comunidade, esperando em troca serem respeitados. A diferenciação em classes
era inexistente.
Entre 8000 a.C e 3500 a.C, algumas destas
vilas neolíticas haviam prosperado, tendo evoluído em pequenas áreas urbanas
com alguns milhares de habitantes.
Antiguidade
As primeiras cidades desenvolveram-se na Mesopotâmia, mais
especificamente, em torno do Rio Eufrates, em torno de
3500 a.C. Estas cidades surgiram inicialmente como
vilas no neolítico, como
aglomerados mais densamente habitados, como centros comerciais e militares de
uma dada localização. Este processo
tornou-se possível graças ao domínio da agricultura.
Em torno de 2000 a.C, as primeiras
cidades começaram a desenvolver-se em torno do Rio Nilo e na China. Tais cidades eram significantemente
maiores do que as vilas neolíticas. Estas cidades também dispunham de
estruturas mais complexas, inexistentes nestas vilas, como grandes depósitos
para estoque de alimentos e templos religiosos. A maioria
dos habitantes destas cidades já não trabalhavam mais na agricultura, e sim no artesanato ou no comércio de produtos e
serviços em geral.
Organização
A maioria das cidades da antiguidade não
possuíam mais do que dez mil habitantes, e não eram maiores do que 1 km².
Porém, algumas delas eram muito maiores - em termos populacionais e
territoriais. Atenas,
no seu apogeu, tinha uma população estimada entre 150 e 300 mil habitantes, espremidos em 10 km². Roma, durante o apogeu do Império Romano, nos
seculos I e II, tinha mais de um
milhão de habitantes,[2] e é considerada por
muitos como a primeira (e única) cidade a superar os um milhão de habitantes
até o início da Revolução
Industrial, embora alguns considerem que Alexandria também tenha tido
população superior a um milhão de habitantes, e mesmo superado esta marca, até
dois séculos antes de Roma. Outros acreditam que nenhuma das duas cidades
tenham superado um milhão de habitantes, considerando Bagdá a primeira cidade a
superar um milhão de habitantes (que possivelmente teria ultrapassado um milhão
de habitantes, em torno do século IX). Outras cidades
do Império Romano eram
significantemente menores, com as maiores cidades possuindo entre 15 a 30 mil
habitantes.
As cidades da antiguidade localizavam-se
quase sempre próximos à beira de uma fonte de água potável e proximas à grandes
corpos de água, tais como rios e mares, para facilitar o transporte de carga de uma
região à outra, bem como obtenção de água potável. Quando as fontes de água
doce eram insuficientes, trabalhadores livres ou escravos traziam água de fontes
próximas à cidade. Avanços tecnológicos também
ajudaram. Um complexo sistema de 11 aquedutos ajudou Roma a tornar-se
uma grande cidade, trazendo água de diversas fontes distantes para a cidade. A
maioria das cidades da antiguidade clássica dispunham de um ou mais
reservatórios públicos, onde a água potável era armazenada. Alguns destes
reservatórios também coletavam água da chuva, principalmente os reservatórios
das cidades no norte da África.
Porém, água não era mais o único fator para a
localização de uma cidade. Com o aparecimento de guerras entre diferentes
povos, proteção também tornou-se um fator importante. Algumas destas cidades
localizavam-se em serras de difícil acesso, como Roma e Atenas, por exemplo. A
grande maioria das cidades antigas eram cercadas por muralhas. As muralhas de
pequenas cidades eram geralmente feitas de madeira, enquanto as
muralhas de cidades importantes ou grandes cidades eram feitas de pedra,
mármore e cimento.
O crescimento populacional nestas cidades
começou a criar sérios problemas, quanto ao saneamento básico. A coleta de lixo era inexistente na
maior parte das cidades. Habitantes da classe trabalhadora simplesmente jogavam
seu lixo nas ruas - muitas, dos quais, não pavimentadas. Como consequência, doenças eram muito comuns na
época, e a taxa
de mortalidade era alta. Este
problema era agravado com chuvas - que inundavam as
casas da cidade com lama contaminado com lixo
e microorganismos causadores de
doenças. Outras cidades, porém, coletavam o lixo das casas e os jogavam fora
das muralhas da cidade. As cidades romanas, em especial, se destacavam por suas
ruas pavimentadas e seus avançados sistemas de saneamento que não seriam
ultrapassados em escala e tecnologia até o século XIX.
Administração
À medida que antigas vilas rurais cresciam e
tornavam-se cidades, maior organização passou a ser necessária. Sistemas governamentais foram criados. Estes
eram responsáveis pelo fornecimento de serviços tais como construção de
estruturas, tais como muralhas ou templos religiosos, centros de entretenimento
populares, a organização do comércio, criação de leis e da defesa da cidade
contra ataques inimigos, por exemplo.
Geralmente, as cidades eram governadas por
cidadãos da elite. Estes cidadãos atuavam em nome do Chefe de Estado do império
da qual a cidade fazia parte. Algumas cidades, porém, não faziam parte de um
país. Nesta categoria, destacam-se as Cidades-Estados da Grécia Antiga, que eram
cidades independentes.
Os administradores da cidade passaram a cobrar impostos dos habitantes da
classe trabalhadora da cidade - artesãos, fazendeiros e comerciantes, por
exemplo. O intuito dos fundos econômicos arrecadados através dos impostos era
primariamente o financiamento dos programas da cidade. Porém, em várias
cidades, vários administradores gananciosos passaram a roubar parte deste
dinheiro para si mesmos, no que é para muitos um dos pilares da origem da corrupção.
Geralmente, os cidadãos da classe trabalhadora tinham pouca ou nenhuma voz na
administração local. Porém, algumas cidades possuíam uma forma de governo
relativamente democrática, como Atenas e Cidades-Estados
aliadas, onde todas as pessoas do sexo masculino, não-estrangeiros e
não-escravos tinham o direito de determinar políticas e regras do governo da
cidade.
Economia
Inicialmente, as vilas neolíticas e pequenas
cidades dependiam basicamente da agricultura. À medida que
novos e melhores métodos de cultivo e domesticação e criação de animais
surgiam, mais pessoas deixaram de trabalhar na agricultura e foram para as
cidades, em busca de trabalho e entretenimento. Muitos passaram a trabalhar em
ocupações dentro destas vilas, passando a não trabalharem mais no campo,
tornando-se artesãos, fabricantes de roupas, calçados e outros suprimentos,
vendendo os produtos fabricados ou oferecendo serviços para outros habitantes
da comunidade urbana e rural.
A criação de estradas conectando várias
cidades e vilas entre si, inovações tecnológicas tais como navios e a roda, que
permitiu o surgimento de veículos movidos à tração animal, fez com que a
importância da agricultura e a proximidade de minérios fosse reduzida. Os
agricultores e criadores de animais passaram a mandar seus produtos até uma
feira comercial, onde então eram vendidos. Também surgiram os mercantes,
comerciantes que vendiam produtos produzidos por outras pessoas. Estes
mercantes geralmente compravam produtos de locais distantes, transportando-nos
em navios ou em veículos movidos
à tração animal até os mercados, onde eram vendidos por altos preços.
Idade
Média e Renascimento
Durante a antiguidade, várias das cidades do
vasto Império Romano tinham mais de 50 mil
habitantes. As maiores chegavam a ter mais do que 350 mil habitantes, como Roma, Éfeso e Alexandria, bem como Cartago após ser reconstruída
pelos romanos. Em 286, o Império Romano foi dividido em dois. O Império
Romano do Ocidente, cuja capital era Roma, logo passou a sofrer
constantes ataques dos bárbaros. Estes bárbaros
atacaram várias cidades romanas. Lentamente, várias tribos bárbaras ocuparam
áreas anteriormente ocupadas pelos romanos, fragmentando o império. Tais tribos
bárbaras eram primariamente guerreiros, fazendeiros e caçadores, e tinham pouco
interesse no comércio. Eventualmente, o Império Romano do Ocidente acabaria em 476, período na qual a Idade Média têm início.
O intenso medo gerado pelas invasões
bárbaras, o colapso comercial e a reduzida produtividade agrícola por parte da
população urbana do Império Romano do Ocidente fez com que a vasta maioria dos
habitantes destas áreas urbanas na Europa gradualmente
migrassem para o campo, mais exatamente em direção aos feudos, que ofereciam
proteção. Invasões bárbaras e islâmicas posteriores continuaram a afetar o
comércio entre áreas rurais e urbanas. Devido a estes fatores, entre o século III e o século X, a população das
cidades européias gradualmente caiu. O comércio entre
cidades caiu drasticamente, para somente crescer após o século X, época onde a
população das cidades voltou a crescer, embora lentamente.
Enquanto isto, a população das cidades do Império
Romano do Oriente, bem como várias cidades na China, no Japão e no Oriente Médio, continuou a
se manter.
Organização
As cidades européias da Idade Média mudaram
muito em relação às cidades do Império Romano da antiguidade. Eram geralmente
muito menores que as cidades romanas, não possuíndo mais do que 1 km². A
população destas cidades também era muito pequena. Na média, uma cidade
medieval típica tinha entre 250 a 500 habitantes. A população de Roma havia caído
de um milhão para meros 40 mil habitantes no final do século V. Mesmo as maiores
e mais importantes cidades da época geralmente não possuíam mais do que 50 mil
habitantes, até o século X.
A partir do século X, várias
aglomerações urbanas fortificadas foram criadas - através da construção de
muralhas em torno de cidades já existentes ou novas aglomerações em si. A
maioria da população urbana europeia viveria dentro de muralhas até o século XV. Avanços na tecnologia
militar - especialmente canhões - tornaram muralhas
obsoletas. Em várias cidades, muralhas e/ou bairros possuindo passagens
estreitas foram demolidas para dar lugar à boulevards espaçosos, processo
que começou em Paris.[4] A acumulação de
fundos financeiros pela elite também possibilitou a criação de grandiosos
palácios e outras estruturas em várias cidades.
A maior cidade do continente durante as
primeiras décadas da Idade Média foi Veneza, com seus 70 mil habitantes, que cresceram
para os 100 mil em 1200. Paris, então, já ultrapassara Veneza, tendo
alcançado os 150 mil habitantes. Londres tornaria-se a maior cidade européia no
Renascimento. Em 1500, cerca de 12 cidades na Europa possuiam mais de 50 mil
habitantes.[4] Em outros
continentes, algumas cidades eram maiores. Hangzhou e Shangzhou, ambos na
atual China, tinham respectivamente 320 e 250 mil
habitantes. Tenochtitlán, a capital doImpério Asteca, tinha uma população
estimada entre 60 a 130 mil habitantes distribuidos em 8 km², em 1500.
Nas cidades da Europa Ocidental, a Igreja
Católica Romana teve grande
influência na arquitetura e organização destas áreas urbanas. Estas cidades
dispunham de uma igreja - que era geralmente
a estrutura mais alta e cara da cidade, construída sob os padrões do estilo gótico - no centro da
cidade. Edifícios governamentais e as casas da elite localizavam-se próximos à
igreja, e a classe pobre, próximos às muralhas.
Como em cidades da antiguidade, geralmente, o
lixo era despejado diretamente na rua. Por causa disso, e também por causa da
alta densidade populacional, ora ou meia grandes epidemias mataram uma grande
quantidade de pessoas. A peste negra exterminou cerca de
40% da população de Constantinopla e 25 milhões de
pessoas em toda Europa.
Entre oséculo XIV e o século XIX, a peste negra
matou mais de 350 milhões de pessoas na Europa e na Ásia, a maioria, moradores
urbanos.
As muralhas das cidades limitavam o espaço
das cidades medievais. Prédios de três a seis andares passaram a ser
construídos para resolver o problema da falta de espaço. Quando a população da
cidade crescia, a alta densidade populacional tornava-se um grave problema
nestas cidaes. Algumas cidades resolveram este problema através da expansão das
muralhas - via demolição e reconstrução. Outras simplesmente deixavam as
muralhas de pé e construíam novas cidades nas proximidades.
As grandes cidades da Europa Ocidental como Veneza, Florença, Paris e Londres atraíam pessoas de
várias etnias. Estas pessoas instalavam-se geralmente em um bairro povoado majoritamente
por pessoas do mesmo grupo étnico. Vários destes bairros eram cidades em
miniatura, com seus próprios mercados, reservatórios de água e igrejas ou
sinagogas. Isto limitou conflitos entre pessoas de diferentes etnias e
religiões, porém, também limitando a difusão cultural. Alguns bairros, chamados
de guetos, eram usados para abrigar pessoas
consideradas indesejáveis, tais como judeus, por exemplo.
A população das cidades da Europa Ocidental
passou a crescer após o século X. Ao mesmo tempo, o Império
Romano do Oriente, ou Império Bizantino, foi gradualmente sendo
conquistado pelo Império Otomano. Em 1457, a capital do Império Bizantino, Constantinopla, foi
conquistada pelos otomanos. A população de importantes cidades bizantinas como
Constantinopla, Atenas e Tessalónica cairia gradualmente
nos próximos séculos.
Administração
Na Europa Ocidental, o feudalismo desenvolveu-se ao
longo dos primeiros séculos da Idade Média. Reinos continuaram a existir,
porém, estes estavam divididos em várias secções chamadas de feudos. As cidades
continuaram a fazer parte de um dado país, mas o Rei deste reino tinha o
controle apenas sobre as áreas que eram de sua propriedade, e não sobre seu
reino. Isto efetivamente diminuiu muito o poder destes chefes de estado. Uma
dada cidade era de facto governada pelo dono -
um senhor ou um bispo, membro
da Igreja Católica - do feudo onde a cidade estava localizada.
No século XI, com o
crescimento populacional e do comércio, a burguesia em crescimento destas
cidades começou a ressentir o forte controle dos senhores feudais nas cidades.
Em várias cidades, a burguesia lutou contra os senhores feudais pelo direito da
administração da cidade. Em algumas, estas lutas foram bem-sucedidas -
especialmente na Península
Itálica. Em Milão, Florença e Veneza, os cidadãos - homens
não-estrangeiros - podiam votar na escolha de cônsules, que governavam a
cidade. Estes tipos de eleições espalharam-se pela Europa Ocidental,
especialmente na atual França. As cidades
continuaram a possuir um alto grau de independência, e cidadãos criavam leis e
apontavam seus oficiais. Por fim, durante o século XIV e o século XV, os governos dos
reinos da Europa Ocidental passaram a gradualmente a se solidificar em torno do
chefe de estado, o Rei. A autonomia destas cidades declinou, e mesmo a
importância de grandes cidades-estados como Veneza, Gênova e Lübeck, caiu
drasticamente.
No Oriente e em civilizações avançadas na
América, o governo de impérios e reinos na maioria dos casos era centralizado
nas mãos de um Imperador ou Rei. Estes geralmente escolhiam os administradores
das cidades. Exceções incluem Sakai, uma cidade japonesa que desfrutou de um
alto grau de autonomia durante o fim da Idade Média.
Economia
Na Europa, o sistema econômico de feudalismo
dividiu a terra entre vários senhores feudais, onde os vassalos trabalhavam, em
troca de proteção. Este sistema entrou em decadência no século X. Vários destes
vassalos migraram então para as cidades, com alguns tornando-se artesãos ou
mercantes, e outros fazendeiros em terras próximas à cidade, e vendendo seus
produtos diretamente no mercado da cidade. O crescimento do comércio entre as
cidades e a migração de pessoas do campo para a cidade foram duas importantes
razões que contribuíram para o crescimento populacional das cidades após o
século X.
Artesãos, auxiliados por avanços tecnológicos
e pela invenção de novos produtos como pólvora, barril e relógios, por exemplo,
conseguiam criar e vender cada vez mais produtos em um dado espaço de tempo. Os
mercantes, auxiliados pela estimulação do comércio inter-urbano, também
prosperaram. Tanto artesões quanto mercantes formaram uma nova classe econômica
- a classe média. Porém, ainda assim a maioria da população das cidades viviam
na pobreza, trabalhando muito e ganhando pouco, morando em casas super-lotadas
e em péssimas condições sanitárias.
Era
moderna
As cidades européias - e a vida urbana destas
cidades - não haviam mudado muito com a chegada do Renascimento, mesmo com o
gradual crescimento populacional das cidades. Porém, durante o século XVIII, a Revolução
Industrial teve início, com a
invenção da máquina a vapor, e de
outros equipamentos industriais. Este período perdurou até o final do século XIX nos atuais países
desenvolvidos. Inúmeras cidades européias e norte-americanas mudaram
drasticamente por causa da Revolução Industrial, tornando-se grandes centros industriais.
Várias grandes cidades localizadas em países
em desenvolvimento - localizados na Ásia, América Latina e África - começaram a
industrializar-se a partir do final do século XIX em diante. Algumas
destas cidades tornaram-se grandes centros industriais, tais como Buenos Aires,México, Shangay e São
Paulo.
Organização
A industrialização foi o fator mais
importante para o processo de rápida urbanização que ocorreu desde o século
XVIII e diante, permitindo pela primeira vez na história da
humanidade que uma parcela significante de um dado país vivesse em áreas
urbanas.
Cidades em industrialização passaram a
possuir grandes bairros industriais. O crescimento populacional acelerado nas
cidades fez com que o transporte
público passasse a possuir um
papel essencial no transporte de trabalhadores dentro de cidades. Trilhos de
bondes e ferrovias de passageiros e industriais significantemente afetaram o
layout das cidades.
A população das cidades industrializadas
cresceu bastante. Isto ocorreu por causa de dois fatores. O primeiro fator eram
as altas taxas de crescimento populacional da época. O segundo fator fora o
início de um forte êxodo rural, onde um
crescente número de agricultores passaram a deixar os campos, indo em direção
às cidades. Muitos destes agricultores mudaram-se para as cidades porque
avanços tecnológicos na área da agropecuária haviam reduzido a necessidade de
mão-de-obra humana, outros foram às cidades simplesmente em busca de uma vida
melhor. Ex-agricultores - incluindo crianças - passaram a
trabalhar nas fábricas nas cidade, geralmente morando em bairros próximos às
fábricas.
A industrialização das cidades causou grandes
mudanças na vida urbana. Produtos que artesãos levavam horas para fazer eram
produzidas em questão de minutos nas fábricas, ainda mais, em grande
quantidade, e a preços mais baixos. Os artesãos passaram a ter crescente
dificuldade em encontrar clientes dispostos a comprarem produtos que passaram a
ser produzidos por preços mais baixos nas fábricas. Muitos destes artesões
desistiram de seus negócios.
O crescimento de algumas cidades em especial
destacam-se pelo seu grande crescimento. Manchester tinha apenas quatro
mil habitantes em 1790. Seis décadas depois, a cidade
alcançaria os 350 mil habitantes. Chicago tinha 4,5 mil
habitantes em 1840. Em
duas décadas, em1860 a população saltou
para 112 mil habitantes. Em 1880, a população da cidade alcançou 500
mil habitantes, dobrando na década seguinte. A maior cidade durante 1825 até o fim do século
XIX foi Londres, a primeira área
urbanizada a superar os cinco milhões de habitantes do mundo. Tóquio era anteriormente a
cidade mais populosa do mundo.
As condições sanitárias da cidade industrial
típica da década de 1830 eram péssimas. Elas
geralmente não dispunham de abastecimento de água e esgoto - nem mesmo nos
bairros onde as casas e apartamentos da burguesia e da elite estavam
localizadas. Gradualmente, tais serviços foram instituídos nas cidades,
primeiramente nos bairros da elite e da burguesia, ao longo do século XIX.
Somente posteriomente, já no início do século XX, os bairros da
classe trabalhadora passaram a receber estes serviços. Isto, nos países
desenvolvidos. Mesmo hoje, várias cidades industriais em países em
desenvolvimento não possuem estas instalações.
A poluição tornou-se um grande problema nas
cidades industrializadas. A falta de instalações sanitárias adequadas e a
poluição fizeram com que as taxas de mortalidade das cidades industriais
tornasse muito alta. A industrialização da grande maioria das cidades ocorreu
de modo totalmente desorganizado. Fábricas e bairros residenciais eram
construídos uns próximos aos outros.
Administração
O rápido crescimento dos problemas urbanos -
pobreza, poluição, desorganização - durante os anos do século XVIII e do século
XIX forçaram países e cidades a tomarem medidas para tentar minimizar estes
problemas. Durante o final do século XIX, leis trabalhistas foram aprovadas nos
Estados Unidos e na Inglaterra, com o intuito de proteger os trabalhadores -
que até então possuíam praticamente nenhum direito. Entre outras medidas, estas
leis proibiam o uso do trabalho infantil nas fábricas. Outras
medidas como melhorias na assistência médica e hospitalar para a classe
trabalhista, fornecimento de abrigos e alimentos aos desempregados também foram
tomadas.
Além disso, os sérios problemas causados pela
desorganização e pela poluição levaram, eventualmente, nos Estados Unidos e na
Europa, à adoção de políticas de planejamento
urbano, tais como leis anti-poluição, construção de estradas e a
implementação de um sistema de transporte
público (tais como linhas de ônibus e metrô) e zoneamento.
Economia
A indústria tornou-se a principal fonte de
renda das grandes cidades do século XVIII e do século XIX. Fábricas ocuparam o
lugar que anteriormente pertenciam aos artesãos, produzindo os mesmos produtos,
de forma mais rápida, fácil, e que eram mais baratos. Grandes números de
artesãos ficaram desempregados. Vários deles foram obrigados a trabalhar em
fábricas para sustentar-se.
O comércio inter-urbano tornara-se mais forte
do que nunca. Grandes quantidades de produtos industrializados, fabricados em
uma cidade, eram transportados em trens e navios a vapor até outras
cidades.
O imenso custo da construção e manutenção das
fábricas, e da obtenção de matéria-prima, foram um dos motivos da ascensão do capitalismo, onde bancos e investidores,
através de empréstimos e parcerias econômica, ajudavam a cobrir os custos da
construção e manutenção destas fábricas. Várias cidades tornaram-se grandes
centros bancários e financeiros, como Londres, Paris, Nova Iorque, Tóquio, Montreal e Chicago.
1900
- Tempos atuais
As cidades cresceram mais do que nunca no século XX, mesmo com
crises tais como a Grande
Depressão da década de 1930 - onde as cidades
foram fortemente atingidas pelo desemprego, especialmente
naquelas dependentes primariamente da indústria pesada. Em 2000, aproximadamente 2 900 cidades
dispunham de mais de cem mil habitantes, e destas, cerca de 225 dispunham de
mais de um milhão de habitantes (estimativas variam entre 180 a 300).
Atualmente, estima-se que 45% da população mundial vivam em cidades. São duas
as principais razões deste grande crescimento populacional. A primeira foi a
queda nas taxas de mortalidade, gerada após inovações na área da medicina e de leis contra
indústrias poluentes, bem como maior reorganização da cidade através da
implementação de leis de zoneamento e de planejamento
urbano. Atualmente, com exceção da África sub-sahariana e do Sul da Ásia, áreas urbanas
concentram mais da metade da população na maioria dos países do mundo.
A segunda razão foi a grande migração da
população rural para as cidades, provocada por avanços tecnológicos na
agropecuária e pela diversificação da economia urbana. Esta migração, chamada
de êxodo rural, foi mais
acentuado nos países em desenvolvimento. Diferentes cidades nos países em
desenvolvimento industrializaram-se durante o século XX, atraindo grandes
quantidades de pessoas não somente do campo como de outras cidades, que buscam
por melhores condições de vida. Exemplos notáveis incluem São
Paulo, Buenos Aires, Cidade
do México, Shangay e Seul.
O grande crescimento
populacional das cidades foram as causas principais do aparecimento das regiões
metropolitanas, isto é, cidades diferentes que estão divididas entre si através
de fronteiras político-administrativas, mas que, economicamente,
demograficamente, socialmente e culturalmente, formam uma única área urbana.
Todas as grandes áreas urbanizadas do mundo atualmente são metrópoles formadas
por diversas cidades diferentes.
Quanto à qualidade de vida, a maioria dos
habitantes das grandes cidades dos países desenvolvidos desfrutam de um alto
padrão de qualidade de vida, graças à implementação de leis trabalhistas,
políticas de planejamento urbano, serviços públicos de qualidade (tais como
cobertura policial, bombeiros, educação e saúde pública) e da
economia em crescimento destes países. Muitos habitantes de cidades em países
industrializados em desenvolvimento, por outro lado, ainda enfrentam problemas
como pobreza e péssimas condições de vida, além de altas taxas de
criminalidade.
Veículos motorizados ajudaram no
desenvolvimento das cidades. O automóvel permitiu para milhões
de pessoas viver longe do local de trabalho, escolas e de centros comerciais.
Atualmente, existem cerca 520 milhões de automóveis no mundo, a maior parte
deles operando nas cidades.
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_das_cidades